Como podemos fazer parte do chamado primeiro mundo, se sequer conseguimos sair das imagens do passado, ao comparem um jornalista sem diploma de época com o profissional devidamente capacitado e habilitado para o feito, nos dias de hoje.
Dizer que nossa atual Carta Magna, ao garantir a ampla liberdade de expressão, nao recepcionou o decreto-lei 972/69 que exigia o diploma, não deveria ser pressuposto de validade em se tratando que os tempos são outros, desde a época da criação da Lei maior que já se completam duas décadas. Há de se convir que os tempos mudaram e que a nossa Constituição já não encontra-se mais, em sua boa parte textual e normatícia, em condições de ser aplicada em sua integra, deixando-se de levar em consideração as mudanças ocorridas na sociedade com o decorrer dos tempos.
Mais de 20 anos se passaram e querem fazer valer, a força de um texto normativo que não segue mais o contexto da vida atual de seus comandados seguidores. Incrementam-na com Medidas Provisórias, mans não se busca uma leitura normativa aprofundada e devidamente condizente com a realidade vivida pelo povo brasileiro, que já não se pode mais ser com-parado com seus antepassados, sequer em profissão, muito menos em notícia. Nem mesmo as notícias de hoje poderiam ser comparadas com aquelas passadas, pelo simples fato de terem sido produzidas em uma outra época.
Assin sendo, como então, pode-se querer comparar ques as excreveu naquela época com profissionais habilitados nos dias atuais, com as modificações ocorridas na escrita, na leitura e nas observâncias dos fatos narrados, quanto sua origem e credibilidade.
O Presidente do STF, ao citar alusão do exercício profissional da culinária, comparando-a com o profissional do jornalismo, ao expor que: " um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, e que isso não legítima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área", faz assim em suas considerações, entendermos que não importa se tal culinária não esteja sendo feita observando-se as calorias de seus produtos utilizados e nem mesmo se esta culinária esteja sendo observada quanto aos critérios de seus valores nutricionais, onde, poder-se-ia evitar assim, a proliferação de obesos dentre nossa população.
Deixa-nos entender, nosso Excelentíssimo Presidente do STF, que o que importa é que a refeição seja boa e bem temperada e que esta, em não fazendo mal a ninguém, não se exigiu fazê-la por profissional competente e habilitado para tais circunstâncias de cuidados e observações.
Como diria Boris Casoy, um grande jornalista brasileiro: " ISTO É UMA VERGONHA!"
A que ponto nós chegamos, em pleno século XXI, o nosso pais resolve regredir de tal forma que chega até ser vergonhoso julgar essa situação. Então duas perguntas precisam de respostas: Como ficam os estudantes de Jornalismo em todo o pais, desistem do curso ou simplesmente procuram um outro? E os profissionais já formados que passaram 04 anos estudando em uma faculdade, será que isso não conta?
Sonhos foram jogados em uma lata de lixo, por pessoas que não tem capacidade de avaliar o certo do errado. Como qualquer curso de graduação, o curso de jornalismo existe para qualificar o profissional. Penso e entendo que o diploma é necessário sim!
Porem, os jornalistas brasileiros e seus organismos de classe, deveriam ter sido mais ativos, fortes e sólidos, antes do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que acabou com a obrigatoriedade do diploma de jornalismo.
Não o foram!
Não defenderam, nem valorizaram a profissão, como ela deveria ter sido valorizada e defendida!
Isso foi facilmente perceptível nos votos de todos os ministros do Supremo, que confundiram liberdade de espressão com jornalismo - alegando que o fim do diploma abriria espaços para a sociedade brasileira se expressar com maior liberdade e alcance.
Jornalismo é uma ciência! Uma técnica de produzir notícias, que são fatos de interesse público (não de jornalista, ou de quem escreve num veículo de comunicação). Isso requer apreendizado de técnicas, de história, de ética, de legislação, de análise comparativa, entre tantas outros ensinamentos das boas faculdades. Inclusive lingua portuguesa e técnicas de redação jornalística.
Não é veicular a minha opinião ou a sua, ou a de qualquer um!
Jornalismo deve ser centrado nos fatos, na busca de verdade da informação!
Claro, há comentaristas, colunistas e articulistas, que opinam e se responsabilizam pelas opiniões que emitem (à exceção dos editorialistas, que escrevem a opinião do veículo sobre os assuntos do momento que parecem ser os mais importantes).
A elaboração de um texto jornalístico tem estrutura técnica, tem quetões a serem respondidas, tem a necessidade de ser ouvida mais de uma fonte e de serem checadas as informações recebidas pelos jornalistas.
Não é qualquer um escrevendo de qualquer forma, mesmo!
Agora ficou muito mais complicado reverter esta situação. Uma nova lei não seria aprovada tão rapidamente, creio. O único caminho que resta aos jornalistas é demonstrar maior capacidade profissional, técnica e ética - para garantir seus lugares nos veículos de comunicação deste pais.
porem, é fato que poucos veículos de comunicação tem grandes preocupações com a qualidade do seu jornalismo. Muitos só circulam para morder verbinhas de governo ( eo governo alimenta esta parte vagabunda da Imprensa, infelismente - basta verificar em quantos veículos o Governo Federal tem anunciado ultimamente).
As escolas superiores de Jornalismo que resistirem, terão que formar jornalistas ainda melhores, mais preparados no todo que integra essa profissão tão importante.
Não basta saber escrever ou possuir liberdade de expressão, para realizar Jornalismo de alta qualidade.
Uma coisa é ser comen´tarista, especializado num determinado assunto. Outra, completamente diferente e mais complexa, é ser um bom repórter, redator, chefe de reportagem ou editor. Acredito que os proprietários de veículos de comunicação terão enormes prejuízos, num futuro não muito distante, se abdicarem da prática de um jornalismo profissional, na troca por um jornalismo amador e mais barato. Vão chofer processos de calúnia e difamação, podem aguardar - pois os amadores não sabem das responsabilidades éticas, legais e técnicas do bom Jornalismo.
Sei que o diploma não assegura qualidade de performance, em profissão alguma! Mas, sei que o curso superior pode e deve preparar profissionais melhores. Caso contrário, não teriam razões para existir. muitos cursos de jornalismo vão fechar. Os que resistirem, como já frisei, terão a grande responsabilidade de formar profissionais cada vez melhores, mais capacitados e competentes.
Os jornalistas profissionais só garantirão seus empregos com máxima competência e dedicação, com profissionalismo e ética, com técnica e bons serviços prestados à sociedade e ao País. na publicidade, não há obrigatoriedade de diploma e só se consegue o sucesso com competência e sacrifício. É a lei do mercado que exclui ou marginaliza os mais fracos e valoriza os mais criativos e realizadores.
Será assim, também, no Jornalismo!
Não é mais tempo de protestar ou de espernear, nem de fazer passeata e movimento de classe. É tempo de mostrar serviço, como só os bons jornalistas sabem fazer.
Não sou jornalista, sou Bacharel em Direito, porem, achei que deveria colocar o meu ponto de vista e defender essa ilibada profissão. Penso que como todas as outras profissões, existem jos profissionais bons e ruins!
Agora, imaginem tais profissionais ditos "ruins" sem o devido diploma de jornalista...
Como ficariam nossas futuras notícias?